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6 de mar. de 2012

Quando uma “abelha” não é uma abelha? (mimetismo)

Olhando para a foto acima, a uma primeira vista você diria que está vendo uma abelha, mas na realidade  você está vendo uma mosca.

Um caso de mimetismo

A semelhança entre a mosca da foto acima e uma abelha é um caso de mimetismo, um processo onde uma espécie mimética apresenta característcas que a tornam semelhante uma espécie modelo. No caso apresentado a mosca (espécie mimética) apresenta forma, tamanho, coloração que a torna semelhante a uma abelha (espécie modelo). Tal semelhança ajuda estas moscas a se protegerem de seus predadores naturais, sapos por exemplo evitam abelhas pelo medo de ser ferroado.

Diferença entre moscas e abelhas

Apesar das semelhanças observáveis, um olhar mais criterioso mostra que a “abelha” da foto é na realidade uma mosca. Moscas são insetos da ordem Diptera, possuem duas asas desenvolvidas e duas atrofiadas (balancins), possuem olhos muito grandes e antenas muito curtas. As abelhas são insetos da ordem Hymenoptera, Possuem 4 asas desenvolvidas (as anteriores estão presas com ganchos as posteriores), possuem olhos menores do que das moscas e antenas mais longas.  

Figura: Mosca (a esquerda) e abelha (a direita).

Click na figura para ampliar

Explicando este mimetismo



Abelhas são animais considerados perigosos na natureza, pela presença do seu ferrão, e por isto muitas vezes são evitados por predadores (sapos, por exemplo).

1. Sapos comem vários tipos de insetos. Quando um sapo tem o 1º contato com uma abelha ele tem o instinto de capturá-la com a língua. Quando ele leva uma ferroada ele cospe a abelha.

2. A partir deste momento o sapo terá em sua memória que abelhas devem ser evitadas, pois ferroam.

3. Qualquer inseto que seja semelhante no tamanho, forma e cor de uma abelha passará a ser evitado pelo sapo que já teve contatos desagradáveis com abelhas.

Imagine este processo ocorrendo por milhares de anos, quanto mais semelhante a abelhas mais a chance de sobrevivência destas moscas – um exemplo de seleção natural direcionando a evolução de um organismo.

28 de fev. de 2012

Quando um peixe não é um peixe? (mimetismo)



O que você está vendo na foto acima? A resposta parece óbvia: um mexilhão (molusco bivalve) e um pequeno peixe! Mas isto não está correto! O que é mostrado na foto é somente um animal, um mexilhão. E o peixe? Não há peixe na foto, o que parece um peixe é uma parte do corpo do mexilhão.

Moluscos possuem o corpo dividido em uma cabeça, uma massa visceral e um pé. Nos moluscos bivalves a cabeça não é diferenciada, a massa visceral é a parte que abriga os órgãos vitais, está dentro da concha, e o pé é uma estrutura muscular achatada utilizada para enterrar o molusco no sedimento. O tegumento dos moluscos é chamado manto e é responsável pela produção da concha.  
  
Figura: Molusco bivalve com o pé muscular projetado para fora da concha.

Em alguns moluscos do gênero Lampsilis, como o mostrado na 1ª foto, o manto possui projeções externas sobre pé, uma modificação que resulta em uma estrutura que se assemelha ao pequeno peixe, com estruturas que lembram nadadeiras, cauda e olhos e inclusive realiza movimentos como se fosse um peixe.

Significado da adaptação

Muitos moluscos bivalves de água doce após produzirem seus óvulos os guardam dentro do corpo e recebem os espermatozóides liberados na água pelos machos das redondezas. Após a fecundação os ovos iniciam o desenvolvimento embrionário em uma espécie de bolsa (marsúpio) localizada no manto. Quando as larvas estão formadas elas são liberadas na água para procuraram pequenos peixes e penetrarem nas brânquias para serem transportados pelos peixes facilitando a dispersão pelo ambiente.

Figura: Molusco bivalve de água doce lança na água suas larvas que penetram nas brânquias do peixe e são transportados pelo ambiente facilitando a dispersão pelo ambiente.

Em alguns moluscos do gênero Lampsilis, que possuem a estrutura semelhante a um peixe, a reprodução ocorre da forma descrita acima, mas com uma vantagem adicional, a imitação do peixe funciona como uma isca que atrai peixes carnívoros. Quando a cauda da isca é mordiscada pelo peixe verdadeiro, o molusco expulsa um jato de água na boca do peixe contendo as larvas que após engolidas de prendem as brânquias do peixe.

Vídeo ilustrando o “peixe-isca” (imitação) atraindo um peixe carnívoro.

21 de fev. de 2012

Quando uma “formiga” não é uma formiga?



A foto acima é de uma formiga? Será?

Formigas são artrópodes da classe dos insetos, e como tal, possuem o corpo dividido em três partes, cabeça, tórax e abdome. Articulados ao seu corpo há três pares de patas, um par de antenas, dois pares de asas e um par de mandíbulas. Possuem também na cabeça um par de olhos compostos (omatídeos).

Figura: Formiga verdadeira.

Já aranhas são artrópodes da classe dos aracnídeos, e como tal, possuem o corpo dividido em duas partes, cefalotórax e abdome. Articulados ao corpo há 4 pares de patas, um par de pedipalpos e um par mandíbulas modificadas a inoculação de veneno, as quelíceras. Os aracnídeos possuem vários pares de olhos simples e não possuem antenas. A aranha da primeira foto aparenta ser uma formiga, pois possui o cefalotórax e o abdome alongados e estreitos ficando com a forma semelhante a de algumas formigas. Andam com o primeiro para de patas projetadas para cima para que pareçam antenas. Possuem um coloração típica de algumas aranhas.  
Figura: Aranha mimetizando uma formiga.

Um caso de mimetismo

É! A “formiga” acima não é uma formiga! É uma aranha mimetizando uma formiga. A semelhança entre esta aranha e uma formiga é um caso de mimetismo, um processo onde uma espécie mimética apresenta características que a tornam semelhante uma espécie modelo. A aranha (espécie mimética) apresenta forma, tamanho, coloração, comportamento que a torna semelhante a uma formiga (espécie modelo). Tal semelhança ajuda estas aranhas a se protegerem de predadores naturais que temam formigas, permite que a aranha passe despercebida entre formigas predadoras de aranhas e ainda facilita a captura das formigas pela aranha.

Mais exemplos de aranhas mimetizando formigas



Vídeo de uma aranha mimética de formigas


20 de set. de 2011

Imitando para sobreviver: camuflagem e mimetismo



A relação entre a presa e o predador é uma importante força evolutiva. Entre os predadores são selecionados os mais eficientes na identificação e captura das presas. Entre as presas são selecionadas as mais eficientes em evitarem, esconder ou não despertar o interesse do predador. 

Em algumas espécies adaptaram-se a uma menor pressão de predação desenvolvendo colorações crípticas (camuflagem), que facilitam a harmonização com a cor predominante no ambiente. Em muitas populações de insetos, lagartos e cobras que vivem em regiões florestais a cor verde foi selecionada como mais vantajosa a sobrevivência e o urso polar a raposa do ártico são brancas como a neve. 
Algumas espécies desenvolveram armas bioquímicas contras seus predadores, venenos, toxinas e impalatabilidade (gosto desagradável). Este aparato bioquímico às vezes pode matar o predador, mas muitas vezes não, mas pode ensiná-lo a evitar a presa no futuro. Aves e mamíferos são exemplos de predadores que possuem alta capacidade de aprendizagem. Muitas espécies de presas venenosas, tóxicas e impalatáveis possuem em suas populações cores vibrantes predominando em seus corpos, como o vermelho e o amarelo, especialmente. São cores de alerta aos predadores que facilitam a passagem de uma mensagem: “sou aquela espécie desagradável que você experimentou uma vez e passou mal”. A presença de cores de alerta é um processo chamado aposematismo. O aposematismo é frequente em cobras, anfíbios e borboletas. Um grande número de espécies aposemáticas que vivem no mesmo local exibem padrões de coloração em seus corpos semelhantes. A explicação para isto é que a cores de alerta de uma espécie favorece outras espécies perigosas ou desagradáveis. Então posso dizer que a seleção natural favorecerá o sucesso de organismos que imitam essas cores. Este processo é chamado mimetismo. Quando uma espécie perigosa ou desagradável apresenta características que imitam outras igualmente desagradáveis temos um caso de mimetismo Mulleriano. As semelhanças na coloração de muitas espécies de borboletas é um exemplo clássico do mimetismo Mulleriano. 
Mas há espécies que não são tóxicas, venenosas e impalatáveis que apresentam nos membros da sua população o predomínio de cores de alerta. Trata-se de um caso de oportunismo evolutivo, pois, ao se assemelharem a organismos perigosos têm vantagem, pois, também tendem a ser evitados pelos predadores. Este tipo de mimetismo é denominado mimetismo Batesiano. As semelhanças entre as cobras corais verdadeiras (família Elapidae) e falsas (família Collubridae) são um exemplo de mimetismo Batesiano. 
A eficiência do mimetismo Mulleriano e Batesiano contra os predadores dependem de um equilíbrio delicado das diferentes populações envolvidas. Só pode ocorrer onde as espécies mais tóxicas ocorrem em número suficiente a permitir os encontros que providenciar a aprendizagem dos predadores. O mimetismo não se restringe somente a uma espécie imitar cores de outras. Algumas borboletas palatáveis imitam o voo de borboletas impalatáveis. 
Algumas espécies mimetizam características morfológicas de outras espécies distantes evolutivamente. O bicho-pau que imita galhos secos de árvores, em bichos-folhas as asas possuem forma e cor de folhas da vegetação, há lagartos que possuem coloração e formas que lembram folhas secas, entre muitos outros exemplos de estratégias de mimetismo para confundir seus predadores.

Referências: